Pessoas pretas têm menos chances de atuarem como líderes em empresas de TI

Pessoas pretas têm menos chances de atuarem como líderes em empresas de TI

Embora a sociedade pregue um discurso em prol da diversidade, o que acontece neste segmento é diferente

A evolução das tecnologias e a crescente demanda por profissionais da área de TI têm ocasionado mudanças significativas nas empresas brasileiras, com o objetivo de se adaptar ao novo cenário. No entanto, a diversidade, como o respeito às diferentes raças e gêneros, não tem sido priorizada nesse contexto. Na teoria, um discurso adequado a práticas antirracistas, na prática, outra realidade no dia a dia das companhias.

De acordo com o seu último relatório, a McKinsey & Co. estimou que, no ritmo atual, será preciso cerca de 95 anos para que funcionários negros atinjam a “paridade de talentos” no setor privado. Dados do Kapor Center, entre 2014 e 2021, mostraram que a indústria de tecnologia aumentou a representação negra em apenas 1%, que os negros ainda recebem 4% menos do que seus pares e muitas vezes são contratados para funções de nível inferior ao que estão qualificados. 

O talento negro da tecnologia só representa 4,4% das funções do conselho, 3,7% das funções técnicas e 4% da liderança executiva. Esta é uma estatística que indica a necessidade de um trabalho que permita que mais trabalhadores negros tenham acesso à igualdade de oportunidades no setor privado. 

“Por mais que a contratação de pessoas negras para cargos de liderança possa ser um desafio, é necessário que as empresas brasileiras de TI passem a prezar pela diversidade e inclusão no mercado de trabalho. Não somente isso, é preciso que essas empresas iniciem programas de capacitação, desenvolvimento e formação de pessoas negras, para que elas possam ocupar cargos de liderança com mais facilidade e frequência”, explica Adriano Jeremias, especialista em Sistemas de Informação e palestrante em liderança empresarial.  

Tendo atuado há mais de 15 anos na área de tecnologia, Adriano, também mentor do Instituto Gente e líder de equipes multifuncionais no Instituto Semear, defende que as empresas passem a absorver mais a mão de obra preta qualificada para que estas possam contribuir com suas experiências, habilidades e conhecimentos no crescimento dos negócios em TI e consequentemente na melhoria da vida de pessoas pretas. 

Embora muitas empresas tenham adotado discursos comprometidos com a igualdade e a equidade de gênero, a realidade mostra que esses princípios não são praticados eficazmente e ainda são muito tímidos. Dados do IBGE informam que a renda média mensal dos trabalhadores brancos é de R$ 3.065,00, já a dos trabalhadores negros é de R$ 1.721,00. 

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