Android: Por que meu aparelho está demorando a atualizar?

Seria, a demora de atualizar o meu aparelho, culpa apenas da fabricante ou existem outros possíveis culpados para isso? Confira mais detalhes e entenda!

Toda a vez que sai uma nova versão do Android, um verdadeiro martírio é vivenciado por parte dos usuários do sistema. A pergunta e recorrente e a ansiedade, um padrão em comunidades.

Meu aparelho será atualizado?

A primeira sinalização vem por parte das marcas. Algumas delas liberam suas listas de update (caso da Sony, Asus, Motorola e outras) e outras, não (Aqui a principal é a Samsung, por exemplo). Com isso, elas passam a receber questionamentos relacionados a seu anuncio ou ausência dele.

Quem anuncia começa a ser questionado sobre a data e quem não, se o aparelho que usa será atualizado. Um verdadeiro caos para quem faz as mídias sociais das marcas e que normalmente, não possuem detalhes para responder à quem pergunta.

Dentre as que não o fazem, a unica garantia, ao menos teoricamente, é de update para os flagships e aparelhos lançados recentemente com hardware no mínimo médio-alto. Esses normalmente são os alvos das listas não oficiais feitas por blogs e sites que vemos por aí, visando apenas o clique baseado na ansiedade de quem é mais afoito por receber novidades.

Porque não dão prazo para liberar a atualização?

Essa é a pergunta mais obvia de se ter a resposta e que ninguém se importa em pensar. No decorrer deste post, ficará claro que o update não é um trabalho feito apenas nas mãos das marcas e com isso, apostar numa data (por mais flexível que essa seja) é arriscado. Um exemplo clássico é o da Motorola, ao dizer que a linha Razr D iria ser atualizada para a versão posterior, antes mesmo dela ter saído e criado a expectativa de quando seria.

O caso mais atual que podemos ver disso é a Asus com o seu flagship Zenfone 2. O aparelho tinha previsão de atualização para o segundo trimestre deste ano (entre abril e junho) e não deu conta de fazer-lo até a presente data, o que gerou um grande buzz de reclamações e questionamentos (e com toda a razão).

Com isso, não dar uma previsão de data é uma estratégia acertada do ponto de vista que não cumprir o prazo gera insatisfação, reclamação e acima de tudo, frustração por parte dos usuários.

Tinha que ser coisa de Bugdroid!

Ao contrário do que muitos acham, o processo de atualização não é fácil e muito menos rápido. Nos acostumamos erroneamente com a experiência de instalar o sistema em um computador e adaptamos isso para nossas opiniões mobile, algo completamente coerente do ponto de vista lógico porém fora do contexto ao vermos o como é o processo em si.

Obviamente, não é somente no Android que esses problemas são vistos (apesar de algumas peculiaridades que lhe trazem certas dificuldades em comparação aos outros OS mobile). A Microsoft, por exemplo, postergou por um bom tempo a atualização para o Windows 10 Mobile, com direito a descumprir a promessa de atualização de todos os aparelhos que rodavam o Windows Phone 8 (HTC quem o diga).

Qual o tramite para a atualização de um aparelho?

Indo ao ponto principal do post: Por que, em alguns casos, demora tanto? Para responder essa pergunta, ressuscitamos um post bem antigo da Sony que explica todo o trâmite até a chegada da nova versão ao aparelho, via OTA ou com liberação dos arquivos no servidor da marca.

Fase 1: Crucial para o sucesso do update

A primeira etapa é basicamente a mais importante de todo o update. A área de engenharia de cada marca deve verificar quais aparelhos são efetivamente compatíveis com a nova versão do sistema. O problema basicamente é que o Android é feito para o hardware da linha Nexus e as fabricantes nem sempre usam os mesmos componentes (vide a grande quantidade de processadores, GPUs e etc). A adaptação do HAL (Hardware Abstraction Layer ou camada de abstração de hardware) e sua integração com o software é uma parte crucial do update afinal, uma adaptação mal feita pode ocasionar dor de cabeça aos usuários (dona Motorola com o Moto X 2013 quem o diga). Aqui, são vistos os impactos diretos sobre câmera, sensores (luz, acelerômetro, proximidade e bússola), WiFi, áudio, GPS, Bluetooth, componentes gráficos e multimídia.

Nessa fase, também são verificadas se as funcionalidades básicas do aparelho estão de acordo com o esperado (ou seja, se estão funcionando). Chamadas, SMS e MMS, leitura do chip de telefonia (aka SIM Card) e em alguns aparelhos, a leitura do MicroSD.

Feito o grosso do update, a marca passa às adaptações de interface e personalização do aparelho. Nesse ponto, empresas que personalizam menos os sistemas passam na frente (é o caso da Motorola, ao menos por enquanto). Customizações feitas por marcas como Sony, Samsung, Asus e num caso bem mais extremo, da Xiaomi tomam parte desse estágio.

Feitas todas as adaptações, o aparelho passa por baterias de teste de modo a verificar se tudo está dentro do esperado e assim, dar seguimento ao processo de atualização.

Fase 2: Certificações

É a partir desse ponto que acontece tudo que nós, usuários não pensamos ser necessário e que tomam um tempo enorme. A fase de certificações é quando o aparelho volta a ser chancelado pelos órgãos de normas técnicas e de direitos autorais.

Provavelmente você deve estar perguntando: Peraí, então quer dizer que um aparelho já homologado precisa passar pelos mesmos processos? A resposta é sim e o tramite não se limita ao hardware, tendo também a obrigação de novas autorizações para o software. MMS, HDMI, Bluetooth, Wi-Fi e Adobe Flash, tudo é revisado.

Segundo a Sony, esta etapa demora até DOIS MESES para ser concluída e olha que ainda não é a última. O problema aqui é que as homologações são individualizadas e um componente pode fazer com que todo o update demore bem mais para ser liberado.

Fase 3: Aprovação e liberação

Você a essa hora já deve estar batendo a cabeça na parede e se perguntando como algo aparentemente tão simples pode demorar tanto, certo? Mas calma, ainda falta a última fase, que falaremos agora.

Essa é a etapa de aprovação e liberação, propriamente dita. Aqui, a marca precisa de autorização por parte das operadoras e do Google para que o aparelho receba esse update. Sim, você não leu errado, eles precisam liberar!

Quando falamos de operadoras, entra o dedo podre delas ao querer que seja alterado o software para colocar as bugigangas inúteis que normalmente desejamos arrancar logo que pegamos os aparelhos. Caso a marca tenha parceria com elas, é necessário o trabalho conjunto de ambos para o atendimento ao que desejam elas, sendo criados pacotes de software especifico para cada uma. Feito isso, as mesmas testam e aprovam formalmente. O mais grotesco é que elas podem recusar uma atualização de software por questões como falta de tempo e recursos.

Feito isso, quem deve chancelar é a própria Google. As marcas remetem ao BigG todas as variantes de atualização por modelo de aparelho para que seja feita a verificação interna. Nesse ponto, o Google pode aprovar ou solicitar modificações, tornando a liberação final morosa afinal, tudo deve estar como deseja a gigante das buscas.

Nesse item, é bem complicado precisar o prazo para liberação depende das idas e vindas entre marca e Google. Segundo a Sony, gira entre 2 e 4 semanas, que podem correr em paralelo com a fase de certificação.

Depois de devidamente aprovado, o sistema é liberado para distribuição.

Fase 4: O download da nova atualização

Hora de ver o sistema sair do servidor das marcas e chegar ao seu aparelho. Aqui, tudo depende da forma como ela libera seus envios de OTA (Over-the-air). É muito comum ver usuários reclamando que não recebeu sua atualização enquanto outros usuários, com o mesmo aparelho, sim.

Isso pode acontecer por versões de software (Stock ROM, ou seja, sem alterações vs alteradas por operadoras) e também pela liberação em ondas.

Conclusão

Trocando em miúdos: Além de o processo ser bem mais longo a culpa pela demora não é apenas das marcas que ficam na ponta da cadeia tentando descascar o abacaxi em resolver todas as pendências que podem surgir durante o processo de ajuste.

Claro, uma empresa que tem o setor de engenharia que se vira nos 30 para atender todas as solicitações se destaca mas por outro lado, as que visam fazer um trabalho de ajuste constante de software são penalizadas, afinal, precisam fazer os updates de rotina para a correção de possíveis bugs detectados, além do atendimento de retificações.

Imagem em destaque: Adrian Black (YouTube)
Com informações do blog Sony Xperia

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