O Itaú resolveu enfrentar as Fintechs lançando o próprio app de abertura de conta mas será que ele pode se autointitular “digital” como deseja vender?
Não é hoje que o Itaú tem buscado construir a imagem de banco conectado (ou digitau, como eles mesmo afirmam). A última dessa campanha foi o lançamento de um app “Abreconta”. Obviamente, isso em parte se dá à vinda de instituições como o Intermedium e Original, que pouco a pouco, ganham espaço com o público devido às facilidades de não precisar depender dos bancos físicos e atendimento diferenciado.
Como o pessoal tem se interessado em saber mais sobre, resolvi dar minha opinião sobre eles, tendo em vista que sou cliente da instituição a mais de 10 anos.
Vale lembrar: Este post é uma opinião pessoal e podem haver tratamentos diferentes entre clientes mas, em geral, provavelmente, é isso que verão por lá!
Segurança
O primeiro ponto que gostaria de abordar aqui é o acesso em computadores. Para garantir a segurança de suas operações em PCs e dispositivos que trazem embarcados o Windows e Mac (Apple), o banco oferece duas possibilidades de escolha que beiram o ridiculo e absurdo.
Guardião Itaú
O primeiro e mais coerente, ao meu ver, seria a navegação por meio de navegadores (Chrome e Firefox, por exemplo). Quem usa outras instituições (inclusive os já citados acima) já deve ter percebido uns optam por oferecer um plugin específico (basicamente produzidos pela GAS Tecnologia ou IBM) e outros, que optam pela não não exigência de plugins especificos, ficando por conta do usuário a prevenção da segurança de seu dispositivo.
O Itau entra no primeiro grupo, exigindo que para operações, seja instalado o Guardião Itaú (Warsaw), produzido pela GAS Tecnologia e é ai que começa o problema.
O Warsaw é um dos piores (se não a pior opção existente hoje no mercado) quando falamos em uso, de forma ampla. Além de viver em segundo plano 24h por dia drenando sua bateria e memória RAM, esse plugin enviado por assistentes do capeta é historicamente relacionado com problemas de incompatibilidade em sites, navegadores (Chrome em alguns momentos, devido à descontinuidade do Java) e até mesmo com buracos de segurança que ele busca tapar (mais informações sobre os problemas podem ser vistos clicando aqui e aqui).
Trocando em miúdos: Além de ineficiente, a vida do usuário vira um verdadeiro inferno, ainda mais levando em consideração que o fato de ter efeitos concretos na sua relação com seu equipamento, que perde em desempenho, sem “motivo aparente”.
Aplicativo Itaú
Outra opção é o próprio aplicativo do banco. <ironia> Esta maravilha do mundo moderno </ironia> basicamente te força a usar ela para tudo que você precisa no banco porém, em contrapartida, além de ser incoerente ao meu ver ocupar espaço num HD com algo que basicamente poderiamos pelo navegador, ele ainda tem um lindo bônus para usuários com dois ou mais monitores: a obrigatoriedade de usar apenas um deles para a operação.
Sim, é exatamente o que você leu. O banco transforma as outras telas em um grande espaço cinza que fica inutilizado quando dentro dele, o que significa que abrir um boleto em uma e digitar o código no banco se torna inviável, te forçando a imprimir, anotar ou arranjar outra forma de ter a mão o código de barras para proceder com o pagamento.
Se for operador empresa, a piada fica ainda mais grotesca. O aplicativo exige que para determinadas funções, você compareça ao caixa eletrônico para o desbloqueio do app, mesmo com você confirmando o mesmo por token chaveiro. Obviamente, quem já trabalhou na área financeira empresarial, deve saber que o operador não recebe cartão, ou seja, o dono da empresa ou um procurador deve ir à um caixa eletrônico e liberar. Lindo né?
iToken (Aplicativo)
Mais coerente que o aplicativo para PCs, o de smartphones pelo menos funciona de forma “aceitável”, desde que você não tenha a pretensão de utilizar ele como iToken. Se essa for a sua ideia, terá de, além de cadastrar e informar o código num Token secundário (SMS ou chaveiro), comparecer à uma agência para efetuar o desbloqueio do aplicativo.
Sim, você não leu errado! Mesmo com você confirmando com os “dispositivos de segurança”, terá de comparecer a uma agência para desbloquear o iToken. Ou seja, o “digitau” te obriga ainda a ser analógico. Legal né?
Depósitos
Nesse ponto, o mercado tem sido bem variado. Enquanto uns só permitem ao usuário adicionar créditos via DOC/TED e outros, por emissão de boletos (que podem ser limitados ou ilimitados, dependendo da instituição), o Itaú sai na frente por contar com as famigeradas agências e caixas eletrônicos para isso.
No entanto, algumas coisas poderiam ser facilitadas como a unimidade em digitalizar um cheque para proceder com o depósito, algo que até o Bradesco (bizarramente) faz por meio de seu aplicativo.
Ou seja, salvo caso de você correr para o DOC/TED de outra instituição, será obrigado à comparecer ao banco para acrescentar recursos à sua conta, mesmo quando o banco poderia facilitar pra você.
Atendimento telefônico
De maneira geral, este é um ponto que merece elogios. Raras foram as vezes que cai em um atendimento ineficiente ou que não soube resolver o problema proposto, o que pode ser um bom diferencial (apesar de termos, de maneira geral, bom atendimento das Fintechs nesse aspecto e até pelas redes sociais.
Tarifas
Algo que poucos sabem é que todos os bancos tem a obrigação legal de oferecer contas sem mensalidade (chamado em geral nos balcões de atendimento como “pacote BACEN”). Essa modalidade atende de bem boa parte dos usuários mas deve-se observar o padrão de uso pois em alguns casos, tarifas extas podem ser cobradas.
Esse ponto, portanto é importante de observação pois a seleção errada pode gerar prejuizo para os usuários. Tenha muita atenção ao escolher seu pacote e saiba que o fato de estar abrindo uma conta via app não significará necessariamente gratuidades como vemos em outras opções hoje no mercado.
Conclusão
Ao contrário do que se tenta pintar, o Itaú é meramente um banco tradicional “digitalizado”, que ainda força seus clientes a comparecer (por mais reduzido que seja) às agências para conclusão de operações que poderiam ser feitas meramente online. A existência de uma rede bancária presente em todo o Brasil (e até em outros países) é um diferencial interessante mas pode desanimar quem visa perder menos tempo na fila de um caixa, seja ele com atendimento tradicional ou eletrônico.