Não é novidade para ninguém que uma das tretas mais conhecidas da internet é rivalidade entre usuários da Xiaomi e Apple, regado com uma pitada de fanatismo e zueira em especial pelos fãs da chinesa.
No entanto, o mundo se viu em meio a polêmica devido ao “flagra” onde o CEO da Xiaomi usava um iPhone, gerando questionamento dos mais fanáticos pela suposta traição do executivo, que deveria estar usando o produto da empresa que representa.
Apesar disso, o acontecimento não chega a ser uma novidade (e nem será a última vez que acontecerá) e sabendo disso, resolvemos compilar alguns casos e refletir sobre os motivos por trás do uso de um iPhone por Lei Jun.
Outros executivos já foram flagrados com aparelhos concorrentes
Como eu disse no começo, a utilização de aparelhos de outras marcas por executivos não chega a ser uma novidade e corriqueiramente, flagras como esse acontecem.
Se fizermos uma curta retrospectiva lembraremos que no final do ano passado, tivemos o caso do CEO da Huawei que foi flagrado em um aeroporto com um iPad na bagagem, mesmo tendo a fabricante a sua própria linha de tablets com Android embarcado.
Outro exemplo (mais antigo) é também do uso por parte de Satya Nadella, presidente da Microsoft, que usou em 2015 um iPhone durante palestra para demonstrar os serviços do Office em conferência internacional organizada pela Salesforce nos Estados Unidos.
Conhecer a concorrência para melhorar
Um dos principais aspectos que passam em branco quando falamos de todo o sentimentalismo que a base de fãs cria é o olhar estratégico sobre o que a concorrência está produzindo e o que pode ser aproveitado e até melhorado.
Isso não chega a ser uma novidade e inclusive, foi abordado em uma publicação do Marcel Campos, Head Global de Marketing da ASUS, que abordou em sua conta no Twitter a questão do CEO da Xiaomi.
Não estou aqui para defender outras empresas, mas o caso do CEO da empresa dos "mimizeiros" está fazendo a coisa certa.
Vc precisa entender seu oponente para poder criticar com razão e entendimento de causa e tbm reconhecer o que é feito de melhor e como superar seu oponente.
— Marcel Campos (@marcelcampos) May 14, 2020
Obviamente, empresas mais relevantes no mercado são mais observadas e podem ser base para estudos e isso inclui não só a Apple (vide o uso de soluções em larga escala como os primeiros notchs largos) e a Samsung (e sua discutível solução de furar a tela e cagar com a experiência de uso para colocar uma câmera e não ter notch).
Apple e Xiaomi, um caso de amor antigo
Talvez possa ser estranho para alguns “xiaominions” mais novos mas a Xiaomi inicialmente foi conhecida não só pelo seu custo/benefício agressivo como também, pelas cópias feitas da Apple, que incluíam não só o design do aparelho, passando pelas embalagens e até pontos de venda ao redor do mundo.
Apple Store e Xiaomi Mi Store: exposição de produtos, layout de mesas e mais são semelhantes
Xiaomi Mi 8 e iPhone X possuíam praticamente o mesmo formato de aparelho
Não a toa que, por muito tempo, a Xiaomi ficou conhecida como a “Apple Chinesa”, graças às claras inspirações (ou cópias, se assim preferir) da maçã americana.
Com o tempo, a marca passou a criar suas próprias ideias (mas ainda segue se inspirando em soluções da americana).
MIUI 12 e iOS 13
Um dos exemplos mais claros (e recentes) disso foi o lançamento da MIUI 12, que gradativamente vem sendo disponibilizada para aparelhos da marca para implementar novidades na interface e mais.
O porém é que quem já interagiu com o também recém-apresentado iOS 13 já percebeu a incorporação de padrões do sistema operacional da Apple na interface assinada pela chinesa Xiaomi, podendo inclusive ser conferido no vídeo abaixo, assinado pelo canal Black MOB.
Google também usa produtos da Apple
Outro exemplo claro de utilização de equipamentos de “concorrentes” é o do próprio Google que rotineiramente utiliza macbooks em seus eventos, como pode ser visto nesta foto publicada em 2011 pela 9to5Google.
Vale lembrar que, nessa época, o Google já possuía notebooks com Chrome OS embarcado e nem por isso, houve a preocupação em substituir os equipamentos da sua principal concorrente em smartphones no quesito notebooks.
Microsoft já usou o Chrome em apresentação
Outro exemplo de uso de concorrente ficou por conta da apresentação feita pela equipe Azure em 2017 para mostrar funcionalidades do serviço em evento online e, ao não conseguir concluir a tarefa, não pensou duas vezes e puxou o download do Google Chrome para continuar.
Curiosamente, alguns anos depois, a Microsoft desistiu de brigar com a utilização de motorização própria (EdgeHTML) e desenvolveu uma versão baseada no Chromium, adaptando soluções de sua principal concorrente.
Vale observar aqui que este editor não está aqui querendo defender o CEO da marca e nem afirmar amor à Apple (inclusive, não tenho nenhum iGadget, antes que alguém afirme) mas não podemos nos fazer de cego para a realidade por trás do mercado de tecnologia:
Todas as marcas olham para todas as marcas em busca de ideias para novas implementações, melhorias e até inovações em seus produtos.
Imagem em destaque: Xiaomi Today