Comparecemos ao Diversão Offline realizado no Rio de Janeiro, durante o ultimo domingo e gostamos muito do que vimos
Não é novidade que o mercado como um todo gira muito hoje em torno de eventos com apelo no que está hoje em alta como filmes, heróis de HQ e eletrônicos. Nesse sentido, um evento baseando-se em praticamente o oposto a tudo que isso aponta pode parecer um suicídio levando em consideração o que se pode ser visto dentro e também de bilheteria. Será?
Conheci o conceito do Diversão Offline dentro do ExpoGeek, realizado a alguns meses atrás no que, segundo a própria organização definiu, como uma versão Pocket. Lá eles tiveram uma sala (que é longe de ser pequena) e puderam dar um uma leve pincelada no que poderia ser visto durante o evento principal, que relatei agora.
Dentro do Centro de Convenções Sulamérica? Sério?
Minha primeira surpresa e dúvida foi ao ver a proposta inicial do evento e onde o mesmo seria realizado. Para quem não conhece o Rio de Janeiro, o Centro de Convenções Sulamérica fica cravado na região central do Rio de Janeiro e é um dos principais locais para realizações de eventos que dependem de grande espaço.
Como seria ajustar esse evento em tanto espaço, sem dar a sensação de vazio? Vazio? Passou longe de ser!
A GeekCarioca nos brindou com um evento muito bem organizado e distribuído em dois andares da estrutura, não deixando a desejar em nenhum momento.
No salão nobre (ou primeiro piso, se assim preferir), localizavam-se parte dos expositores, a praça de alimentação e uma área de freeplay, para que os visitantes pudessem jogar livremente. Se fossemos comparar o que vimos no ExpoGeek com este, poderíamos resumir a esse ambiente (só a área de freeplay, pra mais exato ser).
A mágica toda, no entanto, aconteceu no mezanino. O segundo piso também era repleto de expositores mas também, de coisa pra se ver. Mesa de autores, auditório, sala de quadrinhos, RPG Freeplay e protótipos.
Auditório
Curiosamente, foi no ambiente direcionado para o auditório que conheci o conceito inicial. Nesse evento, no entanto, esse se descolou do visto e apresentou, durante todo o evento, oito palestras, sobre os mais variados assuntos. As palestras tinham intervalos de 10 minutos entre si e passaram por temas como traduções, crowdfunding, RPG, boardgames, game design e até algo que, como ex-jogador de Magic, nunca esperei ver, um time de mulheres, a “Liga das Garotas Mágicas”.
Só essa parte do evento, por si só, já valia, e muito o ingresso porém, era apenas a ponta do iceberg cultural offline que estávamos por desbravar.
Sala de Quadrinhos
A Sala de quadrinhos trazia, além de uma mesa com ilustradores trabalhando ao vivo e mostrando seu valor (trazidos pelo Lipe Diaz, curso desse ramo e que no pouco que vi, mandam bem demais), um grande painel, que tomava praticamente toda uma parede e contava os 147 anos de história dos HQs no Brasil. Eram ao todo, 16 páginas que iam de “As aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte” escrita por Angelo Agostini, passando por O Pasquim (na década de 70), Chiclete com Banana (do magnifico Angeli), O Pequeno Ninja (nossa, nem eu lembrava <3), a vinda dos HQs gringos e a chegada dos webcomics e a abertura que isso deu para produtores independentes poderem mostrar seu serviço, sem depender da industria editorial.
Sala de RPG Freeplay
Essa não necessita nem de comentários profundos porque o próprio nome já diz o quanto era interessante. Praticamente um buraco negro dentro do evento que poderia te sequestrar facilmente por algumas horas e te tirar do Brasil, lançando dentro de algum cenário medieval (ou de qualquer outro tipo dentre os milhões existentes no mundo do RPG).
Sala dos Protótipos
Minha maior e mais agradável surpresa deste evento foi a Sala de Protótipos. Nela, era possível conhecer e experimentar jogos que ainda não vieram para o mercado, estando em suas mais variadas formas de desenvolvimento.
As partidas poderiam durar 15 minutos ou até 180 minutos, dependendo do tipo de jogo que se propunha a encarar. Deck Adventures, The Bright’s Fall, Engage – Senhores da Gerra, SOS Animais, Anjos & Dragões, Runners, Cube Wars, Wonders Cars e Mine, Mine, Mine! eram os jogos presentes e que prometem dar novos ares aos boardgames, com uma pitada brasilidade.
Destes, batemos papo com o Guto Araújo, da Jamaf Games (responsável pelo Runners e Cube Game) e com o André Negrão, idealizador de “Anjos & Dragões”. Falaremos sobre os jogos em outros posts para não ficar muito confuso e longo.
O resumo
O evento foi uma grata surpresa. A GeekCarioca (organizadora do evento) mostrou que não brinca em serviço e trouxe um evento completo, agradável e muito bem organizado e fez relembrar algo que por muito tempo havia me esquecido: Existe sim, Diversão Offline.