Um novo mundo: a evolução do visual nos novos jogos online

A evolução visual nos jogos online cada vez mais demandam gráficos cada vez mais bonitos e realistas, o que coloca em cheque o padrão free-to-play de jogos

Por Alexandre Ziebert
Gerente de marketing técnico da NVIDIA para a América Latina

Populares entre os jogadores de PC no Brasil, os jogos online como MMOs, FPS e MOBA são tipicamente conhecidos desde a sua essência como títulos “grátis para jogar” (free-to-play) e precisavam atingir o maior público possível para se manter com microtransações. Por esse motivo, esses títulos não possuem gráficos com efeitos visuais muito pesados, pois facilita que o game rode em qualquer máquina mais modesta.

Essa tendência, porém, está ganhando novos rumos nos últimos tempos. Hoje os gamers demandam gráficos cada vez mais bonitos e realistas. E da mesma forma que esses gráficos precisam de sistemas mais potentes, pondo em cheque a proposta de grande alcance do modelo free-to-play, outros modelos de negócio surgem.

No caso de Overwatch, por exemplo, a fórmula tradicional de cobrar “preço cheio” caiu no gosto do público graças à mecânica divertida, personagens cativantes e bom suporte da Blizzard, fazendo com que as pessoas adquiram o jogo mesmo diante de outras opções de FPS online gratuitos.

Para jogar o MMORPG Black Desert, o jogador paga um pacote que custa pouco mais de R$ 30 e joga à vontade. Nada mal para um jogo considerado um dos mais bonitos do gênero. Ambos casos contam com conteúdo adicional adquirido através de “loot boxes” ou moeda virtual (que custa dinheiro de verdade), mas o investimento inicial já garante acesso ao jogo completo.

Outra tendência são os jogos “em desenvolvimento”, disponibilizados no modelo de acesso antecipado (early access). Produzir um grande jogo demanda muito tempo e dinheiro, e, normalmente, os estúdios independentes não têm nenhum dos dois. Entretanto, os indies muitas vezes tomam riscos que os grandes estúdios não estão dispostos a tomar e demonstram extrema criatividade para elaborar novos tipos/gêneros de jogo. A exemplo do fenômeno  PlayerUnknown’s Battlegrounds (PUBG).

PUBG já está à venda com o jogo ainda em desenvolvimento, assim os gamers não precisam esperar até que o game esteja “pronto” para poder jogar. E essa injeção de dinheiro é o que permite que o estúdio desenvolva, conclua e continue dando suporte ao game. Afinal, um jogo online, mesmo depois de “lançado” não pode parar seu desenvolvimento. Por mais polido que esteja, sempre serão necessários ajustes de balanceamento e mais conteúdo.

Vale lembrar, nada disso tem a ver com o investimento no visual de cada game. Sendo assim…

…como esses jogos online atuais conseguem ser tão bonitos?
Para responder isso, precisamos falar sobre a otimização desses games. Antigamente, para criar um jogo, ainda mais um título baseado em um conceito inédito, os desenvolvedores teriam que criar também um “engine” novo para tal empreendimento. Algo que, na melhor das hipóteses, é muito caro e demorado, ou, na pior, simplesmente inviável para um estúdio de pequeno porte.

Hoje em dia temos engines de altíssima qualidade que, de fato, são os mesmos utilizados por estúdios de altíssima competência. Você já deve ter ouvido falar do Unreal Engine, do Unity ou do CryEngine. Todos esses têm em comum o pedigree para servir como base para jogos AAA, de excelente qualidade, feitos por grandes estúdios, com orçamentos milionários, e, ao mesmo tempo, são extremamente acessíveis para desenvolvedores independentes. Tanto em termos monetários, afinal não é necessário desembolsar nem R$ 1 para começar a criar seus jogos, é só baixar um “SDK” (kit de desenvolvimento) gratuitamente, quanto em capacitação, afinal há cursos, tutoriais, exemplos e documentação livremente acessíveis.

E se você duvida do potencial desses engines, bastam alguns exemplos. Sabe o Hearthstone, aquele “joguinho” de cartas da Blizzard? É feito com Unity. A poderosa Nintendo está criando os seus próprios games para o Switch, como o novo jogo do Yoshi, usando o Unreal Engine 4. E o “Cry” do Crysis dá uma pista sobre qual é o engine utilizado.

O grande benefício para qualquer desenvolvedor, não só os independentes, é que esses engines já dão uma base extremamente sólida para construir um jogo. Sistemas de iluminação, física, entre outros, já estão prontos e são de excelente qualidade.

Isso acelera muito o processo de criação dos jogos. Além disso, são bastante flexíveis, o que permite seu uso para os mais variados tipos de jogos, mesmo os que ainda não existem.

E aqui vemos também o resultado de tantos anos de trabalho dos grandes fabricantes, como a NVIDIA, junto aos desenvolvedores desses engines. Sucessos de público como a febre do momento: PlayerUnknown’s Battlegrounds, apesar das dificuldades de ainda estar em desenvolvimento, rodam melhor com GeForce.

Mesmo jogos baseados em engines criados desde o zero para um propósito específico, veem um melhor desempenho com GeForce. Um bom exemplo é o ARMA 3, conhecido por depender do desempenho de um único núcleo, mesmo que seu processador tenha vários, para simular seu mundo aberto incrivelmente realista. Obtém melhor desempenho com NVIDIA graças a melhor divisão de trabalho entre vários núcleos feita pelo driver.

Essa facilidade e flexibilidade que os indies têm – ao poder se utilizar da mesma ferramenta disponível pelos grandes estúdios – faz com que os games independentes atinjam visuais tão belos quanto os games AAA com maior hype do momento. Ok, há um preço que se paga para que o jogador receba esse benefício, como o fim da oferta de jogos online grátis, como aconteceu com Black Desert Online ou a experiência de se experimentar um projeto em desenvolvimento, como o caso de Battlegrounds, mas para quem ama games, o acesso a jogos inovadores e de quebra com gráficos mais poderosos é um investimento que sempre vale a pena. Ainda mais para quem é PC gamer.

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