A Pretahub, em parceria com a Salve Games, anunciou no próximo dia 20/11 a produção de “Zumbi dos Palmares”, seu primeiro jogo eletrônico. Com uma proposta decolonial, o game busca abordar a luta dos antepassados em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, permitindo que os jogadores mergulhem em uma batalha intensa com os invasores, a fim de defenderem o território do Quilombo dos Palmares. A previsão é que o jogo esteja disponível ao público a partir de fevereiro de 2024.
Alexandre De Maio, diretor da Salve Games, explica que o desafio foi criado através da Unreal Editor for Fortnite (UEFN), uma aplicação inovadora que possibilita a criação, desenvolvimento de mapas e publicação de jogos diretamente no Fortnite. “Mapeamos as dinâmicas, concentramos esforços e customizamos personagens NPC. Toda experiência seguiu as diretrizes do universo Fortnite, garantindo um acesso amplo e inclusivo para jogadores de todas as idades”.
O Fortnite é um jogo gratuito da Epic Games, e um dos mais famosos e influentes da indústria. O game está disponível para download grátis no PC, PS4, Xbox One, Nintendo Switch, e também no Android e iPhone (iOS).
Além de contar com uma equipe de historiadores e roteiristas negros, os responsáveis foram até o Parque Palmares em Maceió, para simular cenas e construir falas. “Nós, brasileiros, estamos acostumados com narrativas de batalhas estrangeiras, como jogos de faroeste, guerras mundiais ou vikings. Contudo, temos pouco sobre as batalhas que fazem parte da nossa história e, por isso, tentamos construir um jogo que fosse não apenas divertido, mas também educativo. Acreditamos que ao utilizar a linguagem digital dos games, conseguiremos despertar nos jogadores o interesse pelos nossos heróis e pela nossa história, contada sob uma perspectiva decolonial”, comenta Alexandre.
Segundo a Pesquisa Game Brasil (PGB), levantamento anual sobre o consumo de jogos eletrônicos no país, negros e mulheres são maioria entre gamers brasileiros, (54,1%) quando somados aqueles que afirmam ser pretos (12,7%) ou pardos (41,4%). Nesse ano, o destaque foi o engajamento, 82,1% consideram que jogar eletrônicos é uma das suas principais formas de diversão. Em relação à faixa etária, os dados reforçam que não há idade certa para jogar e que a atividade já está presente em praticamente todas as faixas etárias. O maior público possui entre 25 e 29 anos, com 16,2%. Jovens de 20 a 24 anos representam 15,1%; adultos de 30 a 34 anos compõem mais 16,1% dos jogadores brasileiros e pessoas com 35 a 39 anos representam 15,5%.
Adriana Barbosa, diretora-executiva da PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta, conta que a ideia é trazer histórias reais de um povo escravizado. “O jogo é parte da estratégia de como podemos contar a história de Palmares. Esperamos que as pessoas aprendam sobre um período histórico pouco relatado no Brasil. O game tangibiliza a forma como podemos vivenciar na prática a comunicação ancestral. Queremos, através dele, contribuir com a educação antirracista”, afirma a executiva.
O lançamento no Fortnite está dentro do projeto Bioma Comunicação Ancestral, uma realização da PretaHub apoiada pela Fundação Ford, que visa criar uma comunidade de comunicadores e gerar conectividade entre profissionais e possíveis empregadores, além de conteúdos educativos a fim de uma transformação territorial que catalisa e conecta os criativos negros, indígenas, periféricos e LGBTQIAPN+ com o mercado de trabalho.
Ainda no escopo de lançamento do trailer, no dia 30/11 será divulgada uma cartilha com dicas para educadores usarem o game dentro das escolas. Além de ações presenciais na primeira semana de dezembro em Manaus e Recife.