Um comentário crítico ao ambiente de negócios no Brasil foi submetido a uma investigação comercial do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), utilizando indevidamente o nome da Nintendo. O documento foi falsamente atribuído a Bill van Zyll, executivo da empresa para a América Latina, o que levou a Nintendo a negar oficialmente qualquer autoria ou envolvimento no caso. Em comunicado, a companhia destacou inconsistências que provam a falsidade do texto, como a grafia incorreta do nome de seu executivo e a menção a uma entidade jurídica inexistente, a “Nintendo Brasil Ltda.”.
A manifestação foi registrada no portal público da investigação da Seção 301, que apura práticas comerciais do Brasil. A plataforma permite o envio de contribuições por partes interessadas, mas, neste caso, foi usada para registrar um documento não legitimado pela empresa citada. O conteúdo da queixa aborda temas sensíveis ao mercado brasileiro, mas a Nintendo fez questão de se distanciar formalmente, esclarecendo que o comentário não representa sua posição e não foi redigido por nenhum de seus representantes.
Os principais pontos do comentário de autoria negada
Embora a autoria seja comprovadamente falsa, o conteúdo do documento registrado no portal do USTR detalha uma série de críticas recorrentes de empresas que atuam no Brasil. O principal alvo do texto é o sistema tributário, classificado pelo autor anônimo como complexo e excessivamente oneroso. A alta carga de impostos sobre a importação de consoles e jogos é apontada como um fator que eleva o preço final ao consumidor e, por consequência, fortalece o mercado informal e a pirataria.
Outro ponto levantado na manifestação é a burocracia. O texto descreve um ambiente regulatório instável e processos aduaneiros lentos, que gerariam custos operacionais e dificultariam o planejamento logístico. A falta de clareza nas regras é apresentada como um obstáculo persistente para a manutenção de uma operação eficiente no país.
A proteção à propriedade intelectual também é um tema central do comentário. O autor desconhecido aponta uma suposta falha histórica das autoridades brasileiras no combate à pirataria de software e hardware. A proliferação de dispositivos de desbloqueio e o download ilegal de jogos são mencionados como problemas que minariam o modelo de negócios do setor de games. A Nintendo reforça que, apesar de Bill van Zyll ser seu executivo, o texto não partiu dele e seu nome foi usado indevidamente.
Contexto da investigação e o desmentido oficial da Nintendo
A investigação da Seção 301 é um instrumento da política comercial dos EUA usado para avaliar e responder a práticas de outros países que possam restringir o comércio norte-americano. O processo contra o Brasil visa determinar se as políticas nacionais impõem barreiras indevidas às empresas dos EUA, o que poderia resultar em sanções comerciais.
Nesse contexto, o posicionamento da Nintendo foi fundamental para invalidar o comentário. A empresa afirmou que “não há qualquer envolvimento da Nintendo neste caso” e que os erros factuais no documento comprovam sua ilegitimidade. O episódio evidencia a necessidade de verificação de fontes em processos públicos e transparentes, que não estão imunes à submissão de informações falsas. A apuração do USTR prossegue, baseada em dados e depoimentos de fontes verificadas e legítimas.